Os pacientes de esquizofrenia podem ter esperanças: uma nova pesquisa
vai ajudar os médicos a compreender as causas da doença mental, e
avançar na direção da medicina personalizada para o tratamento de
doentes.
A esquizofrenia afeta cerca de 1% da população mundial. No estudo,
pesquisadores retiraram células da pele de quatro indivíduos com
esquizofrenia, e as transformaram em células cerebrais, ou neurônios,
para serem cultivadas em laboratório.
Essa é a primeira vez que um transtorno mental complexo foi examinado
usando células cerebrais vivas. Os neurônios cultivados em laboratório
mostraram poucas conexões entre si, menos do que as conexões encontradas
em células cerebrais saudáveis.
Os desafios no estudo de doenças psiquiátricas como a esquizofrenia
incluem o acesso limitado às células do cérebro humano, bem como a
dificuldade em identificar a influência genética versus ambiente sobre a
doença.
Ou seja, ninguém sabe o quanto o ambiente contribui para a doença.
Segundo os pesquisadores, crescer neurônios em laboratório ajuda a
subtrair o ambiente e começar a se concentrar nos problemas biológicos
subjacentes.
A abordagem da pesquisa permite que os cientistas analisem o
equivalente aos neurônios do próprio paciente. O método também permite
aos pesquisadores testar drogas que funcionem melhor para um determinado
paciente, sem que essa pessoa tenha de experimentá-la antes, ou seja,
ser uma cobaia.
Quatro pacientes com esquizofrenia e histórico hereditário da doença
participaram do estudo. Os cientistas programaram células da sua pele
para se tornarem células-tronco indiferenciadas e não especializadas,
chamadas células-tronco pluripotentes induzidas. Dessa forma, evitaram
remover neurônios dos participantes.
A célula-tronco pluripotente é uma espécie de “lousa em branco”.
Segundo os pesquisadores, durante o desenvolvimento, tais células-tronco
se diferenciam em muitos tipos de células especializadas, como células
musculares, células cerebrais ou células sanguíneas.
A equipe “induziu” as células-tronco a se tornarem células cerebrais,
e comparou esses neurônios com os criados a partir de células-tronco
pluripotentes induzidas de indivíduos saudáveis.
Os pesquisadores descobriram nos neurônios um vírus da raiva,
modificado, que é conhecido por percorrer as conexões entre células
cerebrais. Este marcador demonstrou que os neurônios esquizofrênicos se
ligam menos frequentemente uns aos outros, e tem poucas projeções de
crescimento fora de seus corpos celulares.
A análise genética também mostrou quase 600 genes cuja atividade não
estava em boas condições nestes neurônios. 25% desses genes já haviam
sido ligados a esquizofrenia em pesquisas anteriores.
A equipe testou a capacidade de cinco drogas antipsicóticas
(clozapina, loxapina, olanzapina, risperidona e tioridazina) de melhorar
a conectividade neuronal nas células cerebrais dos pacientes com
esquizofrenia. Somente a loxapina aumentou significativamente as
conexões cerebrais de todos os pacientes esquizofrênicos.
A principal conclusão do estudo é que os resultados podem ajudar a
combater o estigma social muitas vezes associados aos transtornos
mentais. Algumas pessoas acreditam que os indivíduos doentes podem
superar seus problemas mentais se se esforçarem, mas a pesquisa mostrou
que existem disfunções biológicas reais nos neurônios dos afetados,
independentes do ambiente.
Natasha Romanzoti
tem 23 anos, é jornalista, apaixonada por futebol (e corinthiana!) e livros de suspense, viciada em séries e doces e escritora nas horas vagas.
@natromanzoti
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