No século 16, Elizabeth Báthory se tornou conhecida como “Condessa
Sanguinária” por causa de seu macabro hábito de se banhar com o sangue
de garotas jovens, em uma tentativa de preservar a própria juventude.
Quem imaginaria que, quase 500 anos mais tarde, a ciência mostraria que a
ideia do “sangue rejuvenescedor” faz algum sentido?
Felizmente, não estamos falando de banhos de sangue, mas sim de
transfusões. Em 2010, o pesquisador Saul Villeda, da Universidade de
Stanford (EUA), conectou o sistema circulatório de dois ratos, um jovem e
um velho, para que o sangue de ambos se misturasse. Pouco tempo depois
do procedimento, o cérebro do rato jovem começou a envelhecer mais
rápido; já o do rato velho “rejuvenesceu”, apresentando um número maior
de conexões e células tronco – cuja produção diminui com o passar dos
anos, levando ao comprometimento de funções cognitivas conforme se
envelhece.
Villeda mostrou que a “qualidade” do sangue pode estar relacionada
com a produção de células-tronco no cérebro e, portanto, com a
preservação de suas conexões (e funções).
Recentemente, Villeda e sua equipe fizeram um novo estudo para
investigar se a transfusão de sangue teria efeitos no comportamento das
cobaias. Depois de fazer o procedimento, eles colocaram os ratos em um
labirinto no qual deveriam praticar exercícios de memória. Resultado: os
animais mais velhos que passaram pela transfusão se saíram tão bem
quanto os mais novos; já aqueles que não receberam “sangue novo” tiveram
um mal desempenho.
“De repente, você tem de volta toda esta plasticidade e genes
relacionados a memória e aprendizado”, destaca. Os pesquisadores
acreditam que a transfusão eleva no sangue dos mais velhos a
concentração de substâncias químicas essenciais cuja produção diminui
com o passar dos anos. Quais exatamente seriam essas substâncias? Ainda
não sabemos.
Os resultados do estudo poderão, talvez, levar ao desenvolvimento de
verdadeiras terapias de rejuvenescimento para pessoas que sofrem com
problemas cognitivos relacionados à idade avançada – não antes, é claro,
de descobrirmos se os efeitos observados em ratos ocorreriam em humanos
também.[io9]
Guilherme de Souza
é jornalista empenhado e ilustrador em treinamento. Curte ciência, cultura japonesa, literatura, jogos de videogame e outras nerdices. Tem alergia a música sertaneja e acha uma pena que a Disco Music tenha caído no esquecimento.
@gsouzapr
guilherme@hiperciencia.com

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