Distúrbio relativamente raro (estima-se que atinja uma em cada 50 pessoas, ou 2% da população mundial), a prosopagnosia impede que a pessoa reconheça rostos. “É como se houvesse uma tela branca na cabeça do outro”, explica Victoria, que só foi diagnosticada há alguns anos – seu médico frequentava o lugar onde ela trabalhava e, depois de perceber que Victoria nunca o reconhecia, sugeriu que passasse por alguns exames.
“Nunca imaginei que havia algo de errado comigo, honestamente. Achava apenas que não era muito boa em me lembrar das pessoas”. A descoberta levou sua irmã a perceber que também sofria de prosopagnosia. “Sempre pensei que apenas não estava prestando atenção o bastante nas pessoas, então de certa forma foi um alívio descobrir que havia um problema”, conta Donna.
Problemas com o espelho
As irmãs não conseguem sequer reconhecer os próprios reflexos – o que levou a incidentes curiosos. Certa vez, quando trabalhava em um bar, Victoria estava levando louça para a cozinha quando “uma mulher entrou na sua frente” e ela não conseguia fazê-la sair. “Eu estava ficando tão irritada que comecei a gritar com ela – e demorei alguns minutos para perceber que estava brigando com meu reflexo”.Donna teve uma experiência parecida. “Eu estava andando por um corredor no trabalho quando uma mulher bloqueou meu caminho. Começamos a fazer aquela estranha ‘dança’, quando você se move para um lado e a outra pessoa se move na mesma direção”. Só depois de muita “dança” é que Donna percebeu que estava tentando atravessar um espelho.
Por causa de sua condição, elas têm medo de se perder uma da outra quando saem juntas. “Nós nos perdemos em um clube noturno e passamos boa parte da noite procurando uma à outra. Tenho certeza de que nos cruzamos um milhão de vezes”, lembra Victoria. Apesar de todos os contratempos, elas enumeram pelo menos uma vantagem: quando cometem algum deslize na frente de alguém, não ficam se sentindo envergonhadas, já que nunca saberão se vão ver a pessoa de novo.
“São raros os casos em que pessoas adquiriram a condição depois de trauma neurológico, mas recentemente vimos que muito mais pessoas têm uma forma de prosopagnosia que se desenvolveu”, explica a pesquisadora Sarah Bate, da Universidade de Bournemouth (Reino Unido). Donna e Victoria passaram quase 30 anos sem saber que o que consideravam um “excesso de distração” era, na verdade, uma doença.[Daily Mail UK]
Guilherme de Souza
é jornalista empenhado e ilustrador em treinamento. Curte ciência, cultura japonesa, literatura, jogos de videogame e outras nerdices. Tem alergia a música sertaneja e acha uma pena que a Disco Music tenha caído no esquecimento.
@gsouzapr
guilherme@hiperciencia.com
Prosopagnosia não é sempre assim e tem outros sintomas tbm.
ResponderExcluirEu por exemplo conheço rostos, ou acho que conheço haha. Bom, consigo prestar atenção em partes isoladas do rosto e vou montando um quebra cabeça. Se olhar no rosto ao todo eu não consigo manter um foco. Geralmente quando estou falando com uma pessoa preciso olhar nos olhos dela e quando estou ouvindo preciso olhar na boca. O estranho é que eu não sou surda mas se não ficar olhando a pessoa falando eu não consigo entender muito bem, principalmente se for em outro idioma. Assisto TV mas às vezes é difícil acompanhar e se tiver pessoas parecidas eu me perco.
Eu não costumo conhecer as pessoas na rua, principalmente se tiver do outro lado da rua. Se eu conhecer é pq identifiquei o andado ou algum gesto em particular da pessoa, mas na maioria das vezes é o andar, cabelo e corpo. Eu pensava que eu era distraída apenas, e já fui chamada de metida e arrogante por não conhecer as pessoas, mesmo que sejam parentes. Se a pessoa passar perto de mim eu conheço.
Apesar de saber como é o rosto da pessoa, raramente consigo pensar nele em todo. Tenho a aparência da pessoa em mente mas não consigo falar como a pessoa é, tipo fazer um retrato falado. Sei como minha mãe é mas não consigo explicar como ela é além de falar que ela é morena, cabelo preto, magra e um pouco mais baixa que eu.
O problema do rosto é o de menos pra mim, o que mais me incomoda e está relacionado à este problema é o senso de localização. Eu me perco facilmente mesmo se estiver usando um mapa, aliás nem consigo usar mapas e GPS. Preciso ir muitas vezes em um lugar para memorizar. Não consigo dar direções corretamente e nem entender quando alguém me explica como chegar em algum lugar.
Não consigo decorar coreografias, regras e tenho muitas dificuldades com datas e números. Não sei nem o número do meu celular.
Tenho muitas dificuldades e se eu não fosse muito boa em outras coisas (como lógica, ciências, filosofia….) eu pensaria que eu era boba.
Não é um auto elogio pq é feio, mas tenho uma inteligência elevada e uma lógica que pessoas até pensam que eu sou adivinha haha, desenvolvi muitos outros sentidos e técnicas sozinha através deste problema que descobri ter a pouco tempo. Não gosto de estar em multidão e até desenvolvi um certo anti-socialismo pq fico perdida no meio de muitas pessoas, mas consigo ler tudo que está acontecendo em minha volta através do corpo das pessoas que dizem muito mais que a face, e a linguagem corporal não mente. Por outro lado sou totalmente ignorante e vista como tola, idiota, arrogante e desorientada e sou mesmo hahahaha.
Tenho o hábito de cumprimentar as pessoas somente com um sorriso. Sorrisos servem pra dizer hello e bye e posso usar conhecendo ou não a pessoa. O chato é que as algumas pessoas confundem sorrisos com "dar mole". Mas antes de sorrir eu andava de cabeça baixa para não correr o risco de não reconhecer niinguém que eu conheço.
Desculpe o tamanho do comentário, ah e este problema é mais comum que imaginamos.
Obrigado pelo comentário Polly, foi muito bom receber o seu relato pessoal, só peço pra não esquecer deste blog rsrsrs é sempre bom ter seus comentários por aqui, forte abraço =)
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